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PÓS-GRADUAÇÃO DA USP UTILIZA DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS DESENVOLVIDOS PELO IFSP

  • Publicado: Terça, 29 de Outubro de 2019, 10h46
  • Última atualização em Terça, 29 de Outubro de 2019, 15h32
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Aparatos eletrônicos desenvolvidos em Sertãozinho são utilizados em pesquisas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP Ribeirão Preto

 
O ser humano se desenvolve em um ambiente dinâmico, e observar as mudanças desse ambiente é fundamental para a sobrevivência. Perceber visualmente mudanças implica necessariamente a habilidade de discriminar e interpretar alterações de luminância e iluminância do ambiente em um dado período. Para tal, o sistema visual registra, processa e diferencia esses padrões de luz (imagens). Contudo, o sistema visual é limitado e só é capaz de discriminar estimulação em um período finito. Abaixo desse intervalo finito, dois estímulos sucessivos são percebidos como um estímulo único, ou seja, estímulos muito próximos temporalmente podem ser percebidos como fundidos, uma vez que o intervalo é curto o suficiente para que não seja percebido. Esse intervalo no qual, dois estímulos discretos passam a ser percebidos como um contínuo, é o limite da resolução temporal visual. Essa capacidade, denominada de  resolução temporal da visão, é vital para o ser humano por ser necessária para perceber e integrar mudanças e movimentos no ambiente e pode ser avaliada através do limiar crítico de fusão e cintilação da visão.
Nessa apresentação de luz intermitente, a frequência crítica de fusão ou oscilação da visão (do inglês Critical Fusion/Flicker Frequency, ou CFF) é a frequência mais baixa de luz intermitente que é percebida como contínua, ou a frequência mais alta percebida como cintilante.

Assim, no projeto intitulado “IFlicker – aparato eletrônico de baixo custo para aferição de frequência crítica de fusão e cintilação da visão humana”, buscou-se criar um protótipo de um aparelho de aferição da CFF, sendo este de baixo custo e com componentes encontrados usualmente no comércio. Este projeto foi desenvolvido em parceria com o professor Dr. Sérgio Fukusima e pelo doutorando Gabriel Arantes Tiraboschi, ambos pesquisadores do Laboratório de Percepção e Psicofísica do departamento de psicologia da USP Ribeirão Preto.

“A CFF, sendo uma mensuração de velocidade de processamento temporal, tem sido utilizada em diversos estudos com humanos e animais, tanto em populações saudáveis como populações clínicas. Por exemplo, há estudos que correlacionam a CFF com: funções executivas de pessoas saudáveis de várias idades; declínio cognitivo devido a doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer; e a outras patologias que acometem o sistema nervoso central como encefalopatia hepática”, relata o professor Sérgio.
Contudo, “medir a CFF para tais fins não é uma tarefa tão simples. Medir a CFF requer condições adequadas e equipamento especializado. Tal equipamento pode por vezes ter um elevado custo e ser difícil de encontrar para venda”, afirma Gabriel.

Já no segundo projeto, intitulado “GPB Logger – aparato eletrônico de baixo custo para monitoramento da  movimentação de fêmeas da espécie Cavia porcellus”, foi desenvolvido um aparato eletrônico que permite a monitoração dos deslocamentos da cobaia, também conhecida como ‘Porquinho da Índia’, em uma arena montada em laboratório.

Em diferentes espécies,  fêmeas e machos adotam estratégias reprodutivas distintas. Enquanto os machos procuram copular o maior número de vezes em uma estação reprodutiva, a estratégia das fêmeas é, na maioria das vezes, baseada na escolha do seu parceiro reprodutivo. Uma escolha bem feita pode conferir às fêmeas e à sua prole benefícios diretos (materiais) ou indiretos (genéticos). Em muitas espécies, esta escolha é feita enquanto o macho se exibe para a fêmea durante a corte. O mesmo provavelmente ocorre entre as cobaias (Cavia porcellus), quando o macho se exibe para a fêmea em um display de corte ritualizado, usando até três canais de comunicação: visual, acústico e químico.

Esse trabalho de pesquisa está sendo realizado pela doutoranda Paula Verzola Olivio e pela professora Dra. Patrícia Ferreira Monticelli do Laboratório de Etologia e Bioacústica (EBAC) da USP no campus Ribeirão Preto onde estudam esse comportamento. Os objetivos desse trabalho são investigar quais os atributos preferidos pelas fêmeas em machos que diferem entre si e verificar se a escolha das fêmeas é  baseada em um sistema de comunicação unimodal (apenas um canal de comunicação) ou multimodal (mais de um canal de comunicação) utilizado durante a exibição de corte dos machos. “A hipótese é que as fêmeas preferem machos com maiores níveis de testosterona e padrão genético diferente do dela e que os machos dão pistas destas características através de um sistema multimodal de comunicação exibido durante a corte”, descreve a professora Patrícia.

Assim, para levantamento dos dados para essa investigação, o trabalho aqui proposto, em parceria com os pesquisadores da USP, teve como objetivo a criação de um aparato eletrônico de baixo custo para rastreamento de fêmeas da espécie Cavia porcellus que permitiu aos pesquisadores do EBAC analisarem o comportamento destas frente aos diversos cenários propostos.

Resultados obtidos indicaram que o equipamento se mostrou eficaz para o seu propósito em comparação a outras soluções mais dispendiosas, como por exemplo, o uso de câmeras de vídeos e aparelhos de gravação de imagens.
“Uma grande vantagem do sistema foi a otimização do tempo para análises. Eu fiz quase 200 testes de 1 hora! Sem o GPB Logger eu teria que assistir vídeo por vídeo para contar quanto tempo a fêmea ficou em cada compartimento. Isso levaria pelo menos uns 3 meses, trabalhando diariamente. O novo sistema me deu os resultados na hora! No final de cada teste, eu já sabia em qual compartimento a fêmea tinha passado mais tempo”, declara Paula que agora está finalizando sua pesquisa nos EUA.

Ambos os dispositivos eletrônicos, tanto o hardware quanto o software, foram desenvolvidos e construídos pelo professor Afonso Turcato e o técnico em Automação Mateus Gasparotti Rossini da área de Elétrica e Computação do IFSP de Sertãozinho.
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Foto: Afonso e Mateus (IFSP) / Sérgio, Gabriel, Paula e Patrícia (FFCLRP USP)

*Texto originalmente publicado no Jornal MOMENTO Atual na edição 1748 de Outubro/2019

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